No discurso de abertura da 75ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS), em Genebra, na Suíça, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu que o fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde como “pilar principal” para o enfrentamento de emergências sanitárias. Ele afirmou que a estrutura do modelo brasileiro permitiu que o país pudesse aumentar a capacidade de atendimento e reduzir os efeitos da pandemia de Covid-19.
“O Brasil, consoante o defendido nesta assembleia, tem um dos maiores sistemas de acesso universal do mundo. Durante a pandemia, investimos mais de US$ 110 bilhões no nosso SUS, o que permitiu triplicar nossa capacidade de vigilância e ampliar a atenção primária e especializada à saúde.
Em seu pronunciamento, Queiroga não mencionou as estatísticas sobre a Covid-19 no Brasil. O país é o segundo do mundo em número absoluto de mortes pela doença. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), foram mais de 665 mil mortes pela doença desde o início da pandemia. Apenas os Estados Unidos tiveram mais óbitos: 993 mil, de acordo com a OMS. Em terceiro lugar aparece a Índia, com 524 mil mortes.
Em número de casos, o Brasil ocupa a terceira posição, com 30,7 milhões de confirmações. Nesse quesito, Estados Unidos (82,1 milhões) e Índia (43,1 milhões) lideram o ranking, de acordo com a organização.
A Assembleia Mundial da Saúde é organizada pela OMS para debater temas como estratégias de combate a doenças e respostas às emergências de saúde pública. O evento reúne ministros de países-membros da entidade.
Neste domingo (22), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a pandemia de Covid-19 “certamente não acabou”, apesar de um declínio nos casos relatados desde o pico da variante Ômicron. Ele disse aos governos que “baixamos a guarda por nossa conta e risco”. “Reduzir os testes e o sequenciamento significa que estamos nos cegando para a evolução do vírus”. Ele também observou que quase 1 bilhão de pessoas em países de baixa renda ainda não foram vacinadas.
Queiroga começou seu discurso dizendo que o governo brasileiro “defende, de forma intransigente, a vida desde a concepção, a liberdade, a paz e o respeito à soberania dos estados”. Ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro atuou para preservar vidas, “conciliando o equilíbrio econômico e a justiça social”. O ministro também declarou que o governo combateu a corrupção, “que retira oportunidades dos cidadãos acessarem o sistema de saúde, impedindo a realização de políticas públicas essenciais”.
Vacinas e investimento
Queiroga falou sobre o sucesso da campanha de vacinação contra Covid-19 no Brasil, mencionando que o país imunizou cerca de 80% da população (com o esquema vacinal primário – duas doses). O ministro citou que foram adquiridas 650 milhões de doses de vacinas.
“Avançamos na aplicação das doses de reforço e temos vacinas para garantir aos brasileiros o acesso livre a essa importante política de saúde. No último ano reduzimos em 90% o número de óbitos”, afirmou.
Queiroga defendeu o “acesso justo e equitativo às vacinas”, dizendo que o Brasil doou 5,6 milhões de doses e US$ 86 milhões “para nos somar aos esforços da OMS na ampliação da cobertura global de vacinação contra a Covid-19”.
Ele também destacou o investimento para a produção das vacinas e tratamentos em solo nacional, afirmando que houve lucros expressivos da indústria. “É imperativo que tenhamos, em curto prazo, vacinas ainda mais seguras, eficazes, e custo-efetivas que garantam mais proteção diante de novas variantes do vírus.”
Queiroga disse que o Brasil vai atuar para ampliar o acesso “justo e equitativos” a terapias para conter a progressão da Covid-19. O ministro não mencionou quais são os métodos disponíveis.
Assembleia
A 75ª edição da Assembleia Mundial de Saúde acontece entre 22 e 28 de maio. O tema deste ano é “Saúde pela Paz, Paz pela Saúde” e terá a nomeação do próximo Diretor-Geral da OMS. Estão previstas também discussões em torno do novo tratado sobre pandemias e o fortalecimento do Regulamento Sanitário Internacional.
No evento são discutidas estratégias globais de segurança alimentar, saúde bucal e pesquisa e inovação em tuberculose. Na última sexta-feira (20), a OMS publicou uma compilação anual de estatísticas de saúde para os 194 estados membros. O Relatório de Resultados 2020-2021, também publicado antes da AMS, resume as realizações e os desafios da Organização na implementação do orçamento-programa. Os dois documento servem como subsídio para os debates do encontro.
O evento é aberto a países membros, observadores, representantes convidados da ONU, outras organizações intergovernamentais e atores não estatais. Os delegados da assembleia, as agências parceiras, os representantes da sociedade civil e especialistas da OMS também discutem prioridades para a saúde pública em uma série de mesas redondas estratégicas.