Ele também tenta se livrar da imagem de “presidente dos ricos” e se apresenta, há algumas semanas, como alguém próximo
Faltando um dia para o debate considerado decisivo na disputa presidencial da França, as pesquisas mais recentes no país mostram o presidente centrista Emmanuel Macron com entre 53% e 55,5% dos votos e a candidata da extrema direita Marine Le Pen com entre 44,5% e 47% dos votos. Se esse cenário se confirmar no domingo, 24, Macron vencerá novamente Le Pen, como ocorreu em 2017.
Macron e Le Pen reservaram esta terça-feira, 19, para a preparação do debate televisivo de quarta-feira, 20, com a esperança de fazer pender a balança presidencial a seu favor, a cinco dias do segundo turno. O debate é considerado decisivo diante das intenções de voto.
Segundo as pesquisas, a candidata do partido Reagrupamento Nacional (RN) reduziu consideravelmente a distância na comparação com o duelo entre os dois políticos em 2017, quando Macron obteve 66,1% dos votos e Le Pen, 33,9%.
Depois que os partidos tradicionais de esquerda e direita da França entraram em colapso no primeiro turno da votação, ambos os candidatos estão lutando para atrair os indecisos e os eleitores que gravitavam em torno de seus oponentes – especialmente o incendiário radical esquerda Jean-Luc Mélenchon -, em grande parte, reformulando os principais pilares de seus programas econômicos para atrair aqueles que lutam para sobreviver.
Estratégias finais
“Vou me preparar para o debate em minha casa, como faço para todos os debates”, disse Le Pen, que na segunda-feira, 18, se encontrou com eleitores na Normandia (noroeste), antes de encarar a reta final de sua terceira campanha presidencial.
O debate de 2017 foi terrível para a candidata de extrema direita, criticada por sua “agressividade” e “falta de preparo”. Poucos dias depois, ela admitiu um “erro estratégico”, um mea-culpa que reiterou na atual campanha.
Macron aproveitou a segunda-feira de Páscoa, feriado na França, para conceder três entrevistas a emissoras de rádio e televisão, nas quais chamou a atenção para a abstenção e voltou a falar sobre as consequências da chegada da extrema direita ao poder.
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“Pensem no que falavam os cidadãos britânicos algumas horas antes do Brexit ou nos Estados Unidos antes da votação em (Donald) Trump: ‘Não vou comparecer, qual o sentido?’ Posso dizer que no dia seguinte se arrependeram”, afirmou o centrista ao canal France 5.
O candidato do partido A República Em Marcha (LREM), de 44 anos, se esforça para ressuscitar a imagem de radical da herdeira da Frente Nacional, que Le Pen conseguiu apagar no primeiro turno ao evitar temas como a imigração ou a segurança.
Após um primeiro turno discreto e no qual se apresentou como defensora do poder aquisitivo, Le Pen, de 53 anos, busca agora tranquilizar os franceses sobre seu eventual governo, ao afirmar que comandará a França como uma “mãe de família”.
Apoios
Uma pesquisa entre mais de 200 mil pessoas que apoiaram a candidatura de Mélenchon – o terceiro mais votado no primeiro turno (21,9%) que pediu a seus eleitores que não concedam nenhum voto a Le Pen, mas sem pedir voto diretamente para Macron – mostrou dois terços a favor do voto nulo, em branco ou da abstenção no segundo turno. O terço restante defendeu o voto no atual presidente.
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Para tentar convencê-los, Macron deu um passo atrás em sua principal proposta – aumentar a idade mínima da aposentadoria de 62 a 65 anos. Um dia após o primeiro turno, ele se declarou aberto a aumentar para 64 anos.
Ele também tenta se livrar da imagem de “presidente dos ricos” e se apresenta, há algumas semanas, como alguém próximo. Uma das demonstrações mais recentes é uma fotografia sem camisa, deitado em um sofá, depois de um comício em Marselha.
A maioria dos candidatos derrotados no primeiro turno pediu voto para Macron ou contra Le Pen, que também tem a rejeição de sindicatos, atletas, atores.
A cinco dias do segundo turno, o presidente recebeu o apoio público de seu pai, Jean-Michel Macron, que em uma entrevista ao jornal L’Est républicain disse que tem “muita admiração” por seu filho e os franceses são “muito ingratos” a respeito de seu primeiro mandato.
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Se Macron for reeleito, o primeiro-ministro, Jean Castex, anunciou que apresentaria a demissão do governo alguns dias depois, sem esperar as eleições legislativas de maio, porque na sua opinião é necessário um “novo impulso” para o país. (Com agências internacionais).
Estadão Conteúdo
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