Paralisação de servidores do Tesouro atrapalha pagamentos ao funcionalismo

No Banco Central, os servidores iniciaram nesta sexta-feira (1º) greve por período indeterminado

A paralisação dos servidores do Tesouro Nacional nesta sexta-feira, 1º, atrasou salários para algumas categorias do serviço público federal e deixou governadores e prefeitos à espera de dinheiro. Ao cruzarem os braços no primeiro dia do mês, os funcionários escolheram o dia do pagamento e das transferências para Estados e municípios.

De acordo com o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado, Rudinei Marques, houve uma “adesão surpreendente” no Tesouro à paralisação desta sexta-feira.

“Já são afetados diversos serviços, como a análise de impactos fiscais de projetos do próprio governo, as transferências aos entes subnacionais estão ocorrendo no limite dos prazos, e mesmo o pagamento da folha, que hoje atrasou para os órgãos que deixaram a solicitação para a última hora”, afirmou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Uma nova paralisação no Tesouro já está marcada para a próxima terça-feira, 5, para a realização de uma assembleia geral da categoria – que ainda não foi recebida pelo Ministério da Economia para abrir qualquer negociação.

Na mesma carreira dos funcionários do Tesouro, os servidores da Controladoria-Geral da União (CGU) também não trabalharam nesta sexta-feira, deixando de entregar relatórios de auditoria. Segundo o Unacon Sindical, as perdas inflacionárias sobre as remunerações podem chegar a 40% neste ano, se não houver um reajuste.

Enquanto o Tesouro e a CGU apertaram o movimento, representantes do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) foram recebidos no Ministério da Economia. Eles cobram do governo a abertura de mesa de negociação sobre o pedido de recomposição salarial de 19,99%. Em nota, a pasta esclareceu que não convocou a reunião para “discutir a pauta de reivindicações de reajustes salariais”.

“Não obstante, a Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal, órgão central de gestão de pessoas do Governo Federal, segue atendendo às reuniões solicitadas pelas entidades, que vêm sendo realizadas de forma rotineira e fora do contexto formal de negociações”, acrescentou a Economia.


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No Banco Central, os servidores iniciaram nesta sexta-feira (1º) greve por período indeterminado, após três meses de mobilização sem avanços na negociação com o governo federal para a reestruturação de carreira e a recomposição salarial de 26,3%.

Em reunião na tarde de hoje, os sindicatos que representam os servidores – Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal), a Associação Nacional de Analistas do BC (ANBCB) e o Sindicato Nacional de Técnicos do BC (SinTBacen) – e a administração do órgão bateram o martelo em relação à manutenção do Pix, do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e demais sistemas da autarquia, além das mesas de operação, que funcionarão em regime de contingência com efetivo mínimo, como determina o Supremo Tribunal Federal.

A negociação sobre os serviços essenciais vai continuar na semana que vem, com a definição sobre os boletins e as taxas divulgadas pelo BC. Até lá, os atrasos podem continuar. As publicações do fluxo cambial e das estatísticas de crédito, do setor externo e fiscais que aconteceriam nesta semana foram canceladas, sem definição de nova data. Já o anúncio da taxa ptax diária e o Boletim Focus, até o momento, têm sido divulgados com atraso.

Novos lançamentos também devem ser postergados, conforme já indicado em carta dos servidores do BC ligados ao Pix. No documento, a equipe afirma, por exemplo, que a função de débito automático não deve estar disponível este ano, como estava programado. Como mostrou o Broadcast, a diretoria do BC também resolveu adiar uma mudança de interesse do mercado, a remuneração, com base na taxa Selic, da conta de pagamentos instantâneos, mantida pelas instituições participantes do Pix junto ao órgão.


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Já os servidores da Receita Federal, que demonstraram força no fim de 2021 com uma operação-padrão nas aduanas de fronteiras e portos, descartam uma paralisação nos moldes do Tesouro e do BC, por enquanto. Ainda assim, os auditores fiscais seguem mobilizados e sem ocupar os cargos que foram entregues em dezembro. “Por outro lado, a escassez de orçamento pode levar a paralisação involuntária, pois só temos recursos para pagar as contas básicas do órgão até maio deste ano”, alertou o Sindifisco Nacional.

Como mostrou o Broadcast, as duas propostas aventadas pelos técnicos do Ministério da Economia estão muito distantes de satisfazer o funcionalismo. Uma delas é um reajuste linear de 5% para todos os servidores federais a partir de julho, com um custo de R$ 5 bilhões. Outra alternativa é aumentar do ticket alimentação em cerca de R$ 400 para todo o funcionalismo no lugar da recomposição salarial, usando R$ 1,7 bilhão já previstos no Orçamento.

Estadão Conteúdo


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