O ato foi realizado na Cidade Administrativa, a sede do governo do estado, e marca um mês de protestos da categoria
Leonardo Augusto
Belo Horizonte, MG
Sem a participação das principais entidades que representam policiais militares, integrantes das forças de segurança de Minas Gerais fizeram nesta segunda-feira (21) nova manifestação contra o governo de Romeu Zema (Novo) por recomposição de perdas salariais.
O ato foi realizado na Cidade Administrativa, a sede do governo do estado, e marca um mês de protestos da categoria contra a gestão Zema. No período foram realizadas quatro manifestações.
Apesar de autorizado pela Justiça, o governo do estado não convocou a Força Nacional para policiamento no protesto desta segunda-feira.
A ausência de representantes dos policiais militares ocorre na semana seguinte à Folha mostrar que unidades responsáveis pelo registro de ocorrências feitas pela corporação na cidade seguem funcionando, e que há policiamento nas ruas.
A justificativa das entidades para a não participação no ato desta segunda é que daqui para frente a mobilização ocorrerá na Assembleia Legislativa, no acompanhamento de projeto enviado à Casa por Zema, prevendo reajuste menor que o exigido pelos manifestantes.
O primeiro ato de integrantes das forças de segurança do estado ocorreu em 21 de fevereiro nas ruas do centro de Belo Horizonte e reuniu 30 mil pessoas, conforme organizadores. Em seguida, houve manifestação na Cidade Administrativa, em 25 de fevereiro.
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O terceiro protesto foi em 9 de março, também nas ruas do centro da capital mineira, e, ainda segundo organizadores, contou com a presença de 40 mil pessoas. A Polícia Militar e a Guarda Municipal não fazem estimativa de público em manifestações públicas.
Assim como em 25 de fevereiro, os manifestantes fecharam o trânsito na rodovia Linha Verde, que liga Belo Horizonte ao BH Airport, em Confins, na região metropolitana.
Ao mesmo tempo, ao contrário do que ocorreu na manifestação do dia 25, e também nos protestos de rua em 21 de fevereiro e 9 de março, o uso de bombas pelos manifestantes nesta segunda-feira foi reduzido.
Nesta segunda, os artefatos foram usados somente quando terminaram os discursos no caminhão de som, estacionado próximo ao prédio do gabinete de Zema, e os manifestantes seguiram para a obstrução da rodovia Linha Verde.
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No dia 9, dois repórteres do grupo Band foram para um hospital da cidade com lesões leves não permanentes nos ouvidos depois do estouro de bombas próximo aos locais em que trabalhavam cobrindo a manifestação.
Nos discursos nesta segunda-feira, representantes dos servidores das forças de segurança, sobretudo policiais civis e agentes penitenciários, reafirmaram a recusa das categorias pela proposta de 10,06% de recomposição oferecida pelo governador Zema.
SEM PM
É a primeira vez, entre as quatro manifestações realizadas, que os principais representantes dos policiais militares não se juntam aos colegas na pressão contra Zema.
Nem a Asspra-MG (Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais) nem a AOPMBM (Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais) enviaram representantes para o protesto desta segunda na Cidade Administrativa.
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O presidente da AOPMBM, Aílton Cirilo, disse que a entidade mudou de estratégia. “Agora vamos acompanhar a tramitação do projeto na Assembleia”, afirmou. A direção da Asspra já tinha tomado a mesma decisão na semana passada.
O deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB), que também discursou no ato desta segunda na Cidade Administrativa, disse que as forças de segurança não vão aceitar “migalhas” do governador.
“Vamos cumprir a estrita legalidade”, disse. O parlamentar pediu ainda que os servidores façam manifestações também no interior como forma de pressionar o governo.
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Um projeto de lei prevendo o reajuste para todos os servidores públicos do estado foi enviado à Assembleia pelo governo.
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As categorias cobram acordo com o governo que afirmam ter sido feito em 2019 para a recomposição salarial no total de 24%. O governo, porém, afirma que houve mudanças no cenário das finanças públicas e que pagar os 24% desrespeitaria a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que limita gastos com servidores.
“Zema pagou para ver. Acha que não devemos ter recomposição”, disse em seu discurso o representante do Sindpol (Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais), Wemerson Oliveira.
Uma montagem foi feita com foto do governador e colocada no caminhão de som. Nela Zema aparece com nariz aumentado. Logo abaixo foi escrito “Zenóquio”, em referência ao personagem Pinóquio.
Oliveira pediu para que os policiais civis atuem dentro do que chamam estrita legalidade, que é trabalhar somente se o governo der condições para isso, fornecendo, por exemplo, viaturas em condições de uso.
Na primeira semana de protestos, o Detran (Departamento de Trânsito de Minas Gerais) chegou a atrasar a emissão de documentos de veículos. Na semana passada, no entanto, as filas já estavam menores.