Pesquisa aponta que 71% das mulheres já vivenciaram alguma violência enquanto transitavam por Porto Alegre


Estudo ouviu 350 moradoras da capital. Dados foram divulgados pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber. Violência contra a mulher
Reprodução/RBS TV
É caminhando nas ruas de Porto Alegre, pegando o transporte público e até mesmo utilizando aplicativos de viagens que as mulheres sofrem com algum tipo de violência durante o deslocamento de um lugar para outro. O número é alarmante: 71% das mulheres já vivenciaram algum tipo de agressão enquanto transitavam pelas ruas da capital, aponta a pesquisa realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber.
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Foram ouvidas 350 mulheres em Porto Alegre. Os relatos incluem desde olhares insistentes e cantadas até casos como assalto, furto, sequestro relâmpago, importunação sexual, assédio, preconceito, agressão física, racismo e até estupro.
Olhares insistentes, cantadas (38% das mulheres já vivenciaram);
Assalto/ furto/ sequestro relâmpago (27%);
Importunação/ Assédio sexual (21);
Preconceito ou discriminação por alguma característica, exceto raça (13%);
Agressão física (5%);
Racismo (mulheres negras) (11%);
Estupro (4%).
De acordo com os relatos, a maioria dessas ocorrências acontece no transporte público ou enquanto as mulheres caminham pelas ruas.
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As mulheres ouvidas na capital indicam uma necessidade urgente de mudanças. Aproximadamente 90% das moradoras acreditam que a segurança feminina deve ser uma prioridade nas eleições municipais de 2024.
Além disso, 70% consideram que melhorias no transporte e na infraestrutura urbana, como a melhoria da iluminação pública, revitalização de espaços abandonados e correção de falhas no transporte público, podem ter um impacto significativo na segurança.
Pesquisa avalia situação de violência contra a mulher ao se deslocar no Brasil
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No entanto, 22% das mulheres entrevistadas avaliam que as ruas de Porto Alegre são seguras, e 35% sentem-se seguras apenas nas ruas próximas de suas casas.
Para as moradoras da capital, alguns fatores contribuem para a insegurança. São eles:
Ausência de policiamento (58%);
Falta de iluminação pública (53%);
Ruas desertas e vazias (45%);
Espaços públicos abandonados (46%);
Falta de respeito/ agressividade das pessoas (44%);
Falta de empatia/ solidariedade (39%);
Falhas no transporte público (41%);
Horário do deslocamento (30%).
A pesquisa realizada nacionalmente aponta que a porcentagem de mulheres no Brasil que viveram alguma situação de violência ao se deslocar é a mesma da capital gaúcha: 71%.
Os institutos ouviram, de forma online, 4.001 mulheres de 18 anos ou mais de todo o país que saem de casa uma vez por semana. O levantamento foi feito entre 21 de junho e 11 de julho. A margem de erro é de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Medo de transitar pela cidade
Em Porto Alegre, 83% das entrevistadas relataram sentir muito medo de sofrer violência durante deslocamento, sendo as principais causas: sofrer um assalto/furto/sequestro relâmpago (61%), ser vítima de um estupro (58%) e sofrer com importunação/assédio sexual (52%).
Feminicídio em queda no RS
O período entre janeiro e agosto de 2024 marca o menor número de feminicídios no RS, segundo apontam os dados do governo. Foram registrados 36 casos de assassinato de mulheres devido à condição de gênero, o que representa o menor total desde 2012, diz a Secretaria de Segurança Pública do RS.
Em 2021, o número de feminicídios era o dobro do registrado em 2024, totalizando 72 mortes de mulheres.
Em 2012, 2018 e 2022, os números foram ainda maiores, com 74, 73 e 77 mortes, respectivamente, todos acima do total deste ano.
Comparado a 2023, houve uma redução de 38% dos casos, já que o ano anterior registrou 58 vítimas.
Considerando somente agosto, observa-se uma tendência de queda crescente desde 2022, como ilustra o gráfico abaixo.
Em agosto de 2024, três mulheres foram vítimas de feminicídio, um número que só foi alcançado em 2014 nos últimos 12 anos.
Em comparação com agosto de 2023, quando cinco mulheres foram vítimas desse crime no RS, a redução foi de 40%.
Como denunciar
Se a ocorrência estiver em andamento, a vítima de violência ou qualquer pessoa deve ligar para o 190, o número da Brigada Militar.
Se a violência já aconteceu, a vítima deve ir na Delegacia da Mulher ou em qualquer delegacia para fazer o boletim de ocorrência e pedir medidas protetivas (localize uma delegacia aqui). Também é possível registrar uma ocorrência e pedir medida protetiva pela Delegacia Online.
A Central de Atendimento à Mulher funciona 24 horas pelo 180. A Defensoria Pública atende pelo telefone 0800-644-5556 e dá orientações sobre direitos e consulta a advogados.
As vítimas também podem comparecer presencialmente em uma Delegacia da Mulher ou em qualquer Delegacia de Polícia (nos municípios em que não houver unidade especializada).
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