Casamento coletivo, com presença de duas mulheres, estava marcado para um centro de tradições gaúchas (CTG) em Santana do Livramento. Polícia Civil nunca encontrou responsáveis pelo ataque e arquivou caso. Sol e Sabriny 10 anos após incêndio em CTG que receberia casamento em Santana do Livramento
Reprodução/RBS TV
Há uma década, um caso de intolerância marcava o Rio Grande do Sul. Um centro de tradições gaúchas (CTG) que receberia um casamento coletivo marcado pela Justiça foi incendiado em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste. Entre os quase 30 casais, estavam duas mulheres, Sol Rodrigues e Sabriny Benites.
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Dez anos depois, apesar de tudo que enfrentaram, Sol e Sabriny comemoram a construção da família.
“O importante é o amor, ser feliz, ter tua família, corram atrás e vão ser feliz”, diz Sabriny.
O casamento foi transferido para o fórum da cidade e realizado dois dias depois. A cerimônia foi acompanhada pela então ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti.
A autoria do incêndio chegou a ser investigada pela Polícia Civil. Uma garrafa com explosivos chegou a ser encontrada perto do local, mas nenhum responsável foi localizado. O caso foi arquivado. A juíza que autorizou o casamento chegou a sofrer ameaças e andar com escolta. Leia mais abaixo.
Casal gay trocou alianças em casamento coletivo em Santana do Livramento
Carlos Macedo/Agência RBS
Relembre o caso
A secretária Sol Rodrigues e a eletrecista Sabriny Benites ficaram sabendo sobre o casamento coletivo promovido pela Justiça através de um jornal da cidade. Então, veio o pedido.
“Eu estava no trabalho, cheguei em casa e pedi ela em casamento”, diz Sol.
“Eu aceitei, contei para a familia. Minha familia me apoiou”, conta Sabriny.
No entanto, às vésperas do casamento, na madrugada de 11 de setembro de 2014, as chamas atingiram o CTG. O casal diz ter ficado com medo depois do episódio.
“Eu fiquei com muito medo que acontecesse algo comigo, e meu filho ficasse sozinho”, lembra Sol.
CTG foi atingido por incêndio em Santana do Livramento
Rodrigo Machado/Arquivo pessoal
Elas chegaram a receber escolta policial para proteção. A segurança da juíza Carine Labres, responsável pelo casamento coletivo, também foi reforçada após ameaças.
“Eu recebi ameaças de morte e eu fui monitorada de perto pela Brigada Militar por 45 dias. Isso é algo muito grave”, comenta a juíza.
Denise Gisler, então patroa do CTG que cedeu espaço para a cerimônia, disse que o ataque foi “chocante”.
“Revoltou muito. Nós ficamos sem saber o motivo do que aconteceu”, afirma.
Desde o casamento, Sol conseguiu de volta a guarda do filho, hoje com 17 anos.
“Ver minha família unida, valeu muito a pena”, diz a secretária.
Casamento gay, que aconteceria em CTG, ocorreu no Fórum de Santana de Livramento, RS
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