A temporada de premiações não seria a temporada de premiações se não houvesse algumas boas e velhas polêmicas. Algumas delas são praticamente as mesmas todos os anos: um ator que injustamente ficou de fora da corrida, um filme rodeado de polêmicas e problemas que conseguiu uma boa indicação… Mas outros e novos problemas acabam se renovando de um ano para o outro.
E, desta vez, a grande controvérsia do Oscar está nas mudanças propostas pela Academia para a cerimônia do dia 27 de março.
A história começou no dia 22 de fevereiro, quando a Academia anunciou que oito das 23 categorias seriam apresentadas fora do ao vivo, antes do início da cerimônia televisionada.
Na ocasião, o portal The Hollywood Reporter noticiou que o anúncio das categorias acontecerá dentro do próprio Dolby Theatre, anfiteatro onde tradicionalmente acontece o prêmio, 1 hora antes do início da transmissão. Os anúncios serão gravados, editados e depois transmitidos de forma condensada. Algo semelhante já acontece, por exemplo, com o Tony Awards, prêmio máximo do teatro da Broadway.
A estratégia seria uma forma de tentar driblar a constante queda de audiência, que aflige a transmissão ao vivo anualmente. A cerimônia do Oscar 2021, por exemplo, teve a menor audiência da história do prêmio da Academia, e isso não é uma notícia que satisfaz a emissora que detém os direitos de exibição do prêmio: a ABC.
As categorias que seriam escanteadas para a “pré-cerimônia” são: melhor curta documentário, melhor montagem, cabelo e maquiagem, trilha original, melhor direção de arte, curta animado, curta live-action e melhor som.
A decisão foi recebida com pouco entusiasmo e muitas críticas por membros da Academia, cineastas e pelo público que acompanha a cerimônia anualmente. Organizações, sindicatos e personalidades se posicionaram contra. O diretor Steven Spielberg contou ao Deadline que discordava da definição:
Fazemos os filmes juntos, somos como uma família, e cada uma das artes é tão indispensável quanto a outra.
Steven Spielberg, diretor
Tempo é dinheiro
No fim das contas, as mudanças são uma consequência de questões financeiras. A Academia depende do dinheiro gerado pelo acordo de transmissão do prêmio com o canal ABC.
Segundo fontes do site The Hollywood Reporter, a queda na audiência gerou preocupações no canal, que é da Disney. O diretor de um dos braços da Academia foi comunicado que a ABC ameaçou cancelar a transmissão do Oscar se 12 categorias não fosse removidas do ao vivo.
No final da história, segundo este mesmo diretor, a Academia e a ABC conseguiram chegar a um acordo com a exclusão de 8 categorias.
Em meio a protestos e a alguns indicados considerando não comparecer à cerimônia por não concordarem com a mudança, o presidente da Academia, David Rubin, e o diretor Dawn Hudson já indicaram, em entrevista ao Deadline, que reverter a decisão é algo improvável.
“Seria uma vergonha se eles perdessem a oportunidade de celebrar o ótimo trabalho deste ano ou de nos deixarem celebrar o que eles também fizeram. Mudanças são desafiadoras, mas todos estamos trabalhando por um único objetivo, que é permitir tanta celebração dos filmes feitos este ano quanto a TV aberta pode nos proporcionar”, afirmou Rubin.
Com as mudanças já plenamente em andamento, há ainda outra novidade para o Oscar 2022, também pensada para chamar a atenção da audiência: é a categoria “Oscar Fan Favorite”. O prêmio é votado pelo público, no Twitter, e o filme que receber mais votos será reconhecido durante a cerimônia com um VT exclusivo. Ainda assim, o escolhido pelos fãs não será contemplado com uma estatueta.
Apresentada por Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Skies, a cerimônia do Oscar 2022 acontece, de uma forma ou de outra, no dia 27 de março. A expectativa, agora, é para que a premiação consiga se encerrar dentro de 3 horas ou menos.