Da periferia de Porto Alegre aos Jogos Paralímpicos em Paris: conheça Vanderson Chaves, o esgrimista em cadeira de rodas


Atleta ficou paraplégico após acidente com arma de fogo. Vanderson Chaves foi afetado pela enchente na capital. Esportista compete em quatro dias nas Paralimpíadas. Esgrimista paralímpico Vanderson Chaves
Rosele Sanchotene/Confederação Brasileira de Esgrima
Uma história de dedicação e amor pelo esporte fez o esgrimista Vanderson Chaves, de 30 anos, sair de uma comunidade de Porto Alegre e ir em busca de uma medalha nas Paralimpíadas de Paris. Criado no bairro Bom Jesus, na Zona Leste da capital, sempre teve o sonho de ser atleta.
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Aos 12 anos, Chaves sofreu um acidente com arma de fogo, que atingiu o pescoço e alcançou a medula, resultando em uma paraplegia.
“Quando fiquei na cadeira de rodas, me tornei uma pessoa com deficiência, eu quis continuar esse sonho, e o que me proporcionou a continuar foi a esgrima”, conta.
Chaves já conquistou duas medalhas pratas na modalidade “florete” da esgrima, no Campeonato das Américas, em 2016 e 2018; além de um bronze na “espada”, no Campeonato das Américas em 2016. Contudo, o atleta sonha com uma próxima medalha no peito, agora em Paris.
“Meu maior sonho é me tornar um medalhista paralímpico, independente da cor que for”, diz.
Vanderson também enfrentou desafios pessoais significativos em 2024: a enchente em Porto Alegre atingiu sua residência. A tragédia climática afetou mais de 160 mil pessoas na capital, além de quase 40 mil estabelecimentos. O apartamento do esgrimista foi inundado pelas águas.
“Perdi tudo”, conta o atleta.
Chaves recebeu apoio de uma plataforma de aluguel de hospedagens, que ofereceu acomodação temporária de quatro meses, próxima ao clube de esgrima, permitindo que ele continuasse seus treinos apesar das dificuldades.
Esgrimista paralímpico Vanderson Chaves
Rosele Sanchotene/Confederação Brasileira de Esgrima
Paixão pela esgrima
Embora a esgrima tenha inicialmente sido uma surpresa para o atleta, foi amor à primeira vista. O convite para conhecer e começar a praticar o esporte surgiu do também esgrimista paralímpico Mauricio Stempniak.
A emoção, combinada com o desejo de seguir o sonho atlético, fez da esgrima uma escolha natural para o atleta.
“A partir do primeiro momento que eu subi na cadeira para jogar, eu senti aquela adrenalina ali. Foi ali que eu me apaixonei pelo esporte”, relata.
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Para chegar à competição, Chaves, que treina no clube Grêmio Náutico União (GNU), conta que passou por muito preparo, principalmente com o trabalho intenso com uma psicóloga para lidar com a pressão.
“Do meu ponto de vista, nenhuma competição é tranquila nessa questão, todas as competições têm alguma pressão, então é tentar ficar o mais calmo possível, que é o trabalho que eu venho fazendo com a minha psicóloga e seguir o que a gente combinou”, explica o esgrimista.
Inclusive, este é um dos maiores desafios para o atleta: “ter essa constância de treino, ter a mente totalmente focada no que realmente quer”. Segundo ele, “questões de patrocínio e incentivo” são pontos que desfocam qualquer atleta.
“A gente que vive só do esporte também precisa de dinheiro para se manter”, afirmou.
O esgrimista disse que encontra suporte na família, amigos e equipe de treinamento, além do apoio e trabalho da nutricionista e do treinador.
Esgrimista paralímpico Vanderson Chaves
Rosele Sanchotene/ Confederação Brasileira de Esgrima
Vanderson Chaves vai competir nos Jogos Paralímpicos nesta semana:
3 de setembro – sabre B individual masculino – a partir das 8h
4 de setembro – florete B individual masculino – a partir das 4h
5 de setembro – florete masculino por equipes – a partir das 5h
7 de setembro – espada masculino por equipes – a partir das 5h
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