A Rússia denunciou, neste sábado (11), os apelos de exclusão de atletas russos dos Jogos Olímpicos de 2024, um dia depois de uma reunião, durante a qual o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tentou convencer os ministros dos Esportes de vários países.
A Rússia denunciou, neste sábado (11), os apelos de exclusão de atletas russos dos Jogos Olímpicos de 2024, um dia depois de uma reunião, durante a qual o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tentou convencer os ministros dos Esportes de vários países.
“A tentativa de ditar as condições para a participação de atletas em competições internacionais é absolutamente inaceitável (…) . Hoje, vemos uma vontade clara de destruir a unidade do esporte internacional”, declarou o ministro russo dos Esportes, Oleg Matytsin, citado pelas agências russas de notícias.
Em uma reunião organizada pelo governo britânico, na sexta-feira (10), Zelensky afirmou que a presença de atletas russos nos Jogos de Paris-2024 seria “um sinal de violência e impunidade”, na tentativa de convencer os ministros dos Esportes de vários países.
“Enquanto a Rússia matar e aterrorizar, os representantes deste estado terrorista não têm lugar nos esportes e nas competições olímpicas”, disse Zelensky, por videoconferência.
Os que pedem a exclusão “fariam melhor em cuidar do esporte em seus próprios países e contribuir para que o esporte seja o embaixador da paz e permitir construir pontes entre os povos”, comentou Matytsin neste sábado.
O ministro russo lembrou que “ninguém” pediu a exclusão dos atletas dos Estados Unidos dos Jogos de 2004 após a invasão do Iraque pelas tropas americanas.
Fundamentos do movimento olímpico
A Ucrânia se opõe à eventual presença de atletas russos e bielorrussos nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, como cogita o Comitê Olímpico Internacional (COI), e ameaça boicotar a competição.
Em e-mail datado de 31 de janeiro e divulgado na quinta-feira (9), o presidente do COI, Thomas Bach, lamentou a posição ucraniana, que vai, segundo ele, “contra os fundamentos do movimento olímpico”.
A hostilidade ucraniana à presença de atletas russos é apoiada pelos tradicionais aliados de Kiev, como Reino Unido. Já os Estados Unidos se pronunciam, até o momento, pelo compromisso da bandeira neutra.
“A situação na Ucrânia não mudou desde a decisão inicial do COI, em fevereiro passado (2022), de excluir atletas russos e bielorrussos das competições”, afirmou a ministra da Cultura britânica, Lucy Frazer, nesta sexta-feira durante essa cúpula.
“Enquanto (o presidente russo, Vladimir) Putin continuar sua guerra, a Rússia e Belarus não devem ser autorizadas a participar no cenário mundial ou ser representadas nos Jogos Olímpicos”, prosseguiu.
Mas até agora apenas um punhado de países considera um boicote, como a Polônia e a Estônia. A Letônia também alertou que “não participaria dos Jogos junto com o país agressor”, decisão que seria inédita desde os boicotes cruzados aos Jogos Olímpicos de 1980 em Moscou e depois aos de 1984 em Los Angeles durante a Guerra Fria.
Macron não quer politizar esporte
Zelensky garantiu nesta sexta-feira que Moscou utilizaria a participação dos atletas para efeitos de “propaganda de guerra”.
“Se os esportes olímpicos fossem matar e atingir com mísseis, então você sabe qual equipe ficaria em primeiro lugar”, ironizou.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia há quase um ano, atletas russos e bielorrussos foram banidos da maioria dos eventos mundiais, embora alguns esportes, como tênis e ciclismo, permitam sua participação sob uma bandeira neutra.
O COI propôs no final de janeiro um roteiro para organizar o retorno desses atletas com bandeira neutra, desde que “não tenham apoiado ativamente a guerra na Ucrânia”: a decisão de admiti-los, esporte por esporte, dependerá das federações internacionais, sem um calendário estabelecido até o momento.
O presidente francês Emmanuel Macron, cujo país sedia as Olimpíadas de 2024, disse que fará declarações “no verão”. Por enquanto, muito prudente sobre o assunto, o chefe de Estado francês havia garantido há alguns meses, por ocasião da Copa do Mundo de 2022 no Catar, que “não se deve politizar” o esporte.
(Com informações da AFP)