Por que Blonde, filme da Netflix com sexo explícito, “vai ofender a todos”

Blonde, biografia de Marilyn Monroe dirigida por Andrew Dominik, está em desenvolvimento desde 2010 e finalmente será lançada neste ano como parte do catálogo da Netflix.

Ainda não foi divulgado sequer um teaser, mas o longa-metragem já está ganhando manchetes ao redor do mundo por prometer muita polêmica em função de suas cenas de sexo, ao contar a história de Marilyn Monroe (vivida por Ana de Armas). Blonde não deseja criar um panorama histórico e realista, mas uma alegoria sobre o ícone de Hollywood.

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Blonde (Loira, em tradução literal), é um drama biográfico escrito e dirigido por Andrew Dominik, baseado no livro de mesmo nome, lançado em 2000 por Joyce Carol Oates.

Veja abaixo tudo que já se sabe sobre o filme e o porquê da polêmica em torno da produção. As informações foram apuradas em reportagem do Observatório do Cinema.

Por que Blonde causa polêmica?

Além de supostamente contar com explícitas cenas de sexo, Blonde deve causar polêmica por retratar Marilyn Monroe de maneira bem diferente, sem se importar com uma reconstrução factual da trajetória do ícone.

Joyce Carol Oates, a autora do livro que inspira o longa, nunca teve a intenção de produzir uma simples biografia de Marilyn Monroe. Na verdade, a escritora selecionou partes reais da vida da estrela e as vinculou com uma trama expansiva e alegórica, marcada por uma grande “intuição lírica”.

O livro causou uma forte impressão no roteirista e diretor Andrew Dominik, que trabalha há um bom tempo na adaptação da obra.

Em uma postagem no Twitter, Joyce Carol Oates celebrou a vindoura adaptação, e não poupou elogios ao cineasta.

“Blonde é uma interpretação surpreendente, brilhante, assustadora e extremamente feminista. Acho que Andrew é o primeiro diretor homem a atingir um feito do tipo”, comentou a escritora.

Em Hollywood, a realidade e as lendas, muitas vezes, se misturam. É difícil saber o que é real e o que é ficção na vida dos ricos e famosos – e muitas vezes, esse caráter ambíguo torna as coisas bem mais interessantes.

O legado de Marilyn Monroe é definido pelas incríveis realizações da atriz e por seus melancólicos mistérios.

“Nunca saberemos a história completa de um dos maiores ícones da história do cinema. Por isso, o livro de Joyce Carol Oates não é uma biografia. E o filme, embora seja tecnicamente um drama biográfico, é também uma interpretação imaginativa da estrela. É sobre honestidade emocional, ao invés de precisão factual”, afirma a análise do Cinema Blend.

O filme de Andrew Dominik não se importa tanto assim com “fatos e realidade”, e por isso, pode dividir a opinião da audiência.

“Blonde incorpora todas as injustiças que recaem sobre as mulheres. É a história de uma Cinderela, condenada a viver entre as cinzas”, comentou o cineasta em uma entrevista ao Screen Daily.

Filme vai “ofender a todos”

Em entrevista recente ao Vulture, Dominik fala que Blonde abordará tópicos sensíveis de forma ambígua e que pode ofender os espectadores.

“Se tivesse saído há alguns anos, teria saído bem quando #MeToo chegou e teria sido uma expressão de todas essas coisas. Estamos em um momento agora, eu acho, onde as pessoas estão realmente incertas sobre onde estão as linhas. É um filme que definitivamente tem uma moralidade sobre isso. Mas nada em águas muito ambíguas, porque não acho que será tão simples quanto as pessoas querem ver. Há algo nele que ofende a todos”, conta o cineasta.

A cinebiografia ganhou a classificação indicativa mais restrita dos EUA, NC-17, que significa que ninguém abaixo dos 18 anos pode assistir o filme da Netflix.

Blonde estreia na Netflix no final de 2022.

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