“O Peso do Talento” traz Nicolas Cage de volta aos cinemas em fórmula batida

Comédia estrelada por Nicolas Cage ao lado de Pedro Pascal chega aos cinemas nesta quinta-feira (12)

Antes de começar esta crítica eu lhe faço uma pergunta: Quando foi a última vez que você foi ao cinema assistir a um filme estrelado por Nicolas Cage? Nem todos saberão responder e poucos se lembrarão que foi em 2011, com “Motoqueiro Fantasma: Espírito da Vingança”, que Nic Cage que ganhou as telonas pela última vez. De lá pra cá, o ator se rendeu ao home video e ao streaming para quitar uma dívida milionária acumulada durante anos e que ele mesmo assumiu que, enfim, está paga.

Praticamente uma década depois, Cage retorna aos cinemas em “O Peso do Talento” para interpretar a si mesmo como um dos poucos atores da atualidade que poderiam fazer isso. Claro, existem casos célebres como o de Bruce Willis aparecendo como Bruce Willis em “11 Homens e Um Segredo”, e também o caso de Bill Murray sendo ele mesmo, ou melhor, um Bill Murray zumbi, em “Zumbilândia”, e ainda um dos meus favoritos: John Malkovich como John Malkovich em “Quero Ser John Malkovich”. No entanto, essas são todas participações breves, as famosas cameos, nada que funcione além de uma tirada bem humorada.

Nicolas Cage em “O Peso do Talento” é um caso à parte. O ator, outrora respeitadíssimo e vencedor do Oscar de Melhor Ator por sua atuação em “Despedida em Las Vegas”, tornou-se uma espécie de mito do cinema, seja por seu estilo de vida que o levou à dívida já citada e principalmente por suas atuações extremamente exageradas que fazem parte de seu overacting. Por isso, imaginar Nic Cage sendo ele mesmo em um filme que o traz de volta às telonas após tanto tempo já desperta a curiosidade por si só, ainda mais que “O Peso do Talento” confia em Cage como o centro das atenções e não como uma breve participação.

Na história, Nicolas Cage (Nicolas Cage) se vê no fundo do poço de sua carreira e de sua vida: ele vive uma crise financeira, sua filha e ex-esposa o veem como um pai ausente e as propostas para novos filmes não chegam. Desesperado e sem opções, ele aceita uma proposta milionária para embarcar para a Espanha e marcar presença na festa de aniversário de um fã fanático, vivido por Pedro Pascal (“The Mandalorian”). A princípio, os dois constroem uma amizade edificante, principalmente para Cage, que se vê sendo bajulado, no entanto, as coisas tomam um rumo inesperado quando Cage é recrutado por uma agente da CIA (Tiffany Haddish, de “Girls Trip”) e é forçado a investigar seu maior fã porque ele é, supostamente, um perigoso traficante internacional.

O diretor Tom Gormican (“Namoro ou Liberdade”), que também assina o roteiro ao lado de Kevin Etten, desperdiça ideias mais criativas ao trilhar o caminho das buddy comedies – gênero que fez sucesso nos anos 80 com filmes como “Tango & Cash”, “Máquina Mortífera”, entre outros -, colocando Cage e o Javi de Pedro Pascal lado a lado em uma aventura que consegue ter um ou outro momento bem humorado, como a fuga por uma vila espanhola sem qualquer tipo de ameaça presente, no entanto, ao assumir essa proposta, “O Peso do Talento” fica cada vez mais dependente desse tipo de gag e também da mesma piada que vai se repetindo. Funciona por algum tempo, mas mesmo em um filme com pouco mais de 1 hora e 40 minutos é cansativo.

Não que seja ruim se divertir com a dupla Cage e Pascal – a melhor coisa do filme – ou observar Cage encarnando um espião da CIA sem ter o maior jeito para isso, muito pelo contrário, entre absurdos, atrapalhadas e referências a filmes icônicos do ator como “A Rocha”, “60 Segundos”, “O Capitão Corelli”, entre outros, os momentos de riso estão garantidos, mas é inegável a frustração pelo roteiro simplório de “O Peso do Talento” que se sustenta em algo que sepultou a própria carreira de Cage: é clichê em cima de clichê. Pior: fica a impressão de que Nic Cage não é de fato o Nicolas Cage, mas sim qualquer personagem genérico que ele interpretaria nos últimos anos para faturar mais um cheque gordo ao final das gravações.

Em suma, “O Peso do Talento” não é um filme que voltará a fazer com que os produtores repensem as propostas enviadas a Nicolas Cage, assim como também não fará com que qualquer fã do ator acredite que chegou o momento dele parar – ainda mais após vê-lo tão bem no recente “Pig” e em breve como o Conde Drácula em “Renfield” – , a verdade é que o melhor do filme é notar como Nicolas Cage consegue rir de si mesmo, e também nos permite isso, fazendo do filme uma sessão descompromissada embora, ao mesmo tempo, descartável. 


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